sábado, 27 de abril de 2013

LIÇÕES DO UFC


O povo brasileiro precisava mesmo de um “esporte” assim. Já não bastava o caso do goleiro Bruno contado com riqueza de detalhes em todos os canais da TV aberta, os jornais ensangüentados de 25 centavos comprados pra você passar o seu tempo no metrô e os telejornais das 19 horas com Datena e Cia mostrando a violência ao vivo e a cores... Não é isso, comandante Hamilton?

Mas a gente quer mais! Queremos algo que pareça saudável e que encha de orgulho essa nação. A gente gosta de heróis com caras e nomes bizarros, de Minotauros a Spidermans, de Shoguns a Cachorros Loucos. Afinal, somos um povo cansado de corrupção, de mensalão e de tanta diferença social. Também não agüentamos mais a violência que nos engole a cada esquina, a cada vídeo de mau gosto postado no Facebook e a cada semáforo mal iluminado em que fechamos o vidro do carro. Seríamos expostos a violência de qualquer maneira mesmo. Então, por que não fazer da truculência algo agradável ou desagradável de se ver? Algo que nos faça ranger os dentes e cerrar os punhos enquanto comemos batatas Rufles.

Mas um Octógono sujo de sangue não lembra nem um pouco a paz e a harmonia do esporte. Diferente do Judô, Kung Fu e do Taekwondo, a marra do MMA não sugere ética, disciplina e muito menos Fair Play com o oponente. Lembra uma rinha de galos que há muito tempo deixou de ser bonito aqui no Brasil. Mas convenhamos que a joelhada que o Anderson Silva deu no Sonnen não doeu nem um pouquinho em você, pois nos encheu de orgulho... Acima de tudo, somos brasileiros!

Só temos que ter cuidado: de “esporte” nacional a guerra mundial é só uma questão de ponto de vista. De como seus filhos assimilarão essa rinha elitizada, se é com um suave “muda de canal pai” como eu ouvi hoje - ou com um “eu adoro isso!” como eu mesmo dizia há 25 anos atrás, nas rinhas de galos.

Desculpe, mas é preciso bater... (Lições do UFC)

20 comentários:

  1. Quando o esporte tá virando paixão nacional, você pimba! Parabéns pelo texto.
    Abraços do Airton Frango

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    1. É vontade de contrariar meu amigo, hehehehe. Dê um abraço em todos ai.

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    2. É vontade de chamar atenção isso sim, não tem mais o que fazer aee fica falando essa bobagens, MMA é uma competição como qualquer outro esporte, e morre mais gente na Formula 1 do que no MMA, então vamos ter que parar de fazer todos os esporte e só ficar em casa deitados, se não gosta não assisti, e ninguém fala isso do boxe, porque?? Porque no boxe não tem tanto sangramento como no MMA, mas as lesões causadas pelo boxe são muito mais perigosas no futuro do que o MMA que só tem lesões superficiais, então para de falar merda!!!

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    3. Obrigado pelo comentário André. Mas é exatamente dessa sua violência estou falando... gratuita, sem razão aparente.
      Eu também assisto UFC (raramente) e F1. Não dá pra comparar um carro a 300KM/H e uma luta. Claro que vai morrer mais gente na F1, é instantâneo. Mas e as lesões causadas por tantos socos e pontapés do MMA? Certamente o reflexo disso será no futuro.
      Mas tá valendo André Amorim. Até mais.

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    4. Não entendo, se você sabe que na F1 morre mais gente do que no MMA, qual o problema disso?? Outra pergunta, então porque você não fala para pararem com a F1?... e os lutadores estão lá por vontade própria, não tem ninguém com um chicote ameaçando eles, sim eles tem lesões e qual o problema? Está afetando você de alguma maneira? Acho engraçado essas pessoas criticando o MMA, mas são muito hipócritas, porque o F1 pode, surf pode, motocross pode, mas o MMA não pode, todos esses esportes que eu citei acima matam mais do que o MMA, se querem criticar, critica esses esportes!!

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    5. Certamente tem muita gente que critica os outros esportes também André, talvez você não tenha percebido porque não tem motivos para defendê-los. Sobre a "vontade própria" dos lutadores, por que nós não podemos andar em nossos carros sem cinto de segurança? É a nossa vida que está em jogo.
      Mas lembre-se que o que eu proponho no meu texto não é acabar com o esporte, mas uma reflexão.
      Abraços,

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  2. "Panis et circenses ''... isso a quem muitos chamam de ''esporte'' não foi inventado agora. Essa bizarrice nada mais é do que uma modernização dos combates entre gladiadores promovidos pelos governantes para entreter a população. No entanto, o pão já não sai de graça, muito pelo contrário, paga-se (e muito. Tem idiota pra tudo!) pra ver esse espetáculo grotesco, mas a sede de sangue continua. Não basta que o combate aconteça, é preciso trucidar o adversário.
    Quanto mais dentes, ossos, tendões, nervos destruídos, melhor! O equilíbrio da saúde e a melhora da aptidão física são essências do que se entende como esporte... Causar no seu oponente, de forma sistemática, todo o tipo de lesões e ferimentos vai contra os princípios do que entendemos e definimos como sendo o esporte. Os prejuízos causados nas contusões, estiramentos, etc, em decorrência das atividades físicas nas mais diversas modalidades esportivas, sabemos, são passíveis de ocorrerem. Mas não é o caso! No octógono o bicho pega, aliás, tem que pegar!
    Afligir profundamente, magoar, pungir, lacerar o adversário (que neste caso se parece muito mais como ‘’inimigo’’) parece ser o objetivo desses ‘’campeões’’ e não a vitória pura e simples. Reitero, não basta ganhar é preciso exterminar o outro. Daqui a alguns anos não devemos nos espantar se os juízes (juízes???) forem retirados do tablado e o público pagante com os polegares apontados para baixo decidirem o destino dos perdedores. Como nos velhos tempos.
    Para todos aqueles que acham este tipo de luta é um esporte, vamos esperar a sua inclusão nos jogos olímpicos! Como tudo visa o lucro fácil não me causará espanto se isso acontecer. Mas enquanto houver pessoas que entendam que, independente da denominação que tiver:‘’Vale-tudo’’, UFC, tal coisa não pode e nem deve ser, sequer, chamada de esporte.
    Enquanto os lutadores enchem a cara um do outro de hematomas o bolso dos organizadores e patrocinadores estão cheios de dinheiro! Viva o UFC!

    Leonardo Góes

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    1. É isso ai Leonardo Góes, bela analogia com os combates da antiguidade. Eu assisto de vez em quando, pra extravasar a minha raiva do trânsito e tal. Mas que é feio, a isso é! Abraços

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  3. O mais engracado e criar juizo do assunto sem sequer ter prestado atencao nos detalhes.A vontade de defender algo que transmita o que vc e ou pensa ser sobressai sobre a inteligencia. Nao disse merda nao meu amigo.Tambem gosto muito de assistir,mas vale a pena refletir a respeito, botar a cabeca pra pensar ao contrario de outros que sequer perceberam que vc nao esta defendendo ima coisa oi outra mas sim propondo uma reflexao

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    1. Exatamente meu nobre, reflexão. Obrigado por fortalecer o meu objetivo.
      Deixe seu nome.
      abraços,

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  4. A realidade é que brasileiro gosta de violência, sempre gostou, nosso código penal é uma mãe para assassinos etc etc... Então nada melhor que oficializar a VIOLÊNCIA agora chamada de ESPORTE cheia de HERÓIS nacionais.

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    1. Valeu Calir. Talvez o UFC seja uma forma da gente extravasar, de descontar em alguém algo que nos incomoda. Você tem razão, o Brasil gosta de violência. Prova disso é que exportamos para o mundo o que há de mais podre na nossa nação, o tema do filme TROPA DE ELITE é um exemplo disso.
      Abraços,

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  5. Esporte, UFC é esporte? (respirei fundo)meu Brasil tá dificil ficar aqui socos e pontapes é esporte ADMIRADO por uma nação que tem motorista alcoolizado que arranca braço de ciclista (isso sim é esporte) é solto. Presidente de Senado Homofobico (e eu não posso me negar que meu filho tenha na escola educação homosexual) pais que matam filhos (Izabela Nardone), filhos que matam pai, ex presidente tirado por impeachement olha o Collor voltando.... Ler seus texto pelo meno sabemos que alguém ainda pensa racionamente contra a violência, seja ela corporal, verbal ou BBB da vida!

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    1. Márcia. Obrigado pelo comentário.
      Infelizmente talvez o fato da gente gostar de esportes violentos seja justamente o reflexo de todos os problemas desse Brasil que você citou. É um ciclo vicioso, a gente adora ver sangue, socos e pontapés pra descontar nossa raiva pela violência diária e acabamos também gerando mais violência com isso.
      O UFC é só um dos casos, é a bola da vez, nossa terapia de sábado a noite. Mas temos que repensar sobre isso.
      Abraços,

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  6. Simples questão de ponto de vista, interesses e analogias mirabolantes.
    Se parar e pensar nenhum esporte de competição é saudável.
    Correr atras de bola, pular de prancha e dar pirueta em piscina, salto em distancia, ginastica olímpica e tantos outros esportes que todos em sua excessiva repetição para tentar atingir o seu rendimento máximo e se tornar campeão provoca lesões a médio e longo prazo .
    E os esportes de aventura? muitos simplesmente babacas mais aceito como esporte..

    Esporte pode ser saúde até as artes marciais envolvida no MMA mas envolveu dinheiro e competição qualquer esporte pode deixa de ser saudável pela simples busca do rendimento máximo.

    . .

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    1. Certamente. Assim como o MMA tem muitos outros esportes que não levam a nada.
      Obrigado pelo comentário, DM.

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  7. Muito bom esse texto! Lange Pinheiro, você disse tudo. Só acrescento uma coisa: Diferentemente de uma guerra, onde inocentes morrem, no UFC, a destruição é entre eles mesmos, alguns se autodestroem, conforme o caso desta madrugada, o Anderson se quebrou, não foi atingido(desta vez não fiquei acordada para ver a luta)... Só quem luta corre o risco de se ferir ou morrer. Mas ferem o emocional dos familiares, amigos e fãs. Isso não dá para negar. Não gosto de luta e nunca entendi qualquer tipo de luta como esporte, mas confesso que vez ou outra assistia as lutas do Anderson Silva, pela sua história de vida, vibrava com suas conquistas, pois a oportunidade que ele teve foi essa, será que ele poderia tentar outra coisa? Acredito que sim, mas quem sou eu para julgar? Torço pela sua recuperação, física e emocional. Um abraço.

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    1. Obrigado pelo comentário Beatriz! Sobre a luta de ontem (28/12), confesso que eu fiquei até altas horas para ver não só a luta do Anderson, mas como todas as lutas anteriores. Queria entender um pouco mais desse esporte.
      Ver o Anderson Silva quebrar a perna daquele jeito foi uma cena forte, mas isso acontece também no futebol, motocross, etc. O duro não é o acidente em si, já que, como o próprio nome diz: foi um ACIDENTE. O problema é a violência dos combates, as caras de maus que eles fazem e a marra totalmente desnecessária.
      Sem trocadilho com o fato da perna do Anderson, mas para mim o UFC ainda é um "osso duro" de roer.
      Abraços.

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  8. Realmente meu amigo é mais ou menos isso que vivenciamos hj.
    Concordo contigo em gênero, numero e grau. Este "esporte" que muitos gostam só inspira mais violência.
    Abraços

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    1. A ideia é refletir meu amigo, refletir. O que faz bem para alguns pode não fazer bem para outros, prefiro não arriscar.
      Grande abraço.

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