sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

VALE A PENA VER “SE FOR” NOVO

Senhores e senhoras que escrevem nossas companheiras de todos os dias, por favor, queremos I-NO-VA-ÇÃO nas novelas. Chega de ceninhas baratas! Cortem os clichês! Nada contra os enredos, sempre bem variados, do tipo exportação – o problema são algumas cenas que nunca mudam. O horário, que continua nobre, pede mais criatividade. Xô script!

Já nos primeiros capítulos encontramos o primeiro porto seguro dos autores. Repare, esses são gravados sempre no exterior. Nova York, Marrocos, Índia e agora Jordânia. Só pra prender a atenção do público brasileiro, que, por herança da colonização, continua a valorizar aquilo que vem de fora.

Outra situação é que no decorrer da trama tudo sempre dá certo para a vilã. Ela passa pelo corredor exatamente no momento em que as pessoas estão revelando segredos. Então ela dá aquela paradinha e escuta tudo. E o mais incrível é que ninguém consegue enxergá-la mesmo com ela ali, com meio corpo aparecendo. Ela também consegue descobrir o segredo do cofre, fugir do quarto de hotel minutos antes da polícia chegar e voltar alguns capítulos depois com outra identidade.

E aquela cena da moça dirigindo desesperada na auto-estrada, aos prantos, acelerando seu carro enquanto surgem flash’s do motivo do seu chororô. De repente um caminhão, BEEEEEEE !Você sabe como vai acabar esta estória... Ah,você sabe! UÊ-UÊ-UÊ-UÊ!

Mais uma mesmice acontece naquela cena clássica de suspense. TIM DOM! A campainha toca na mansão de 14 suítes (cadê o interfone e o segurança?), a madame vai atender (e a empregada?), e quando abre a porta (claro, sem olho mágico) a câmera foca apenas no rosto assustado da vitima que é assassinada logo após dizer aquele trivial: VOCÊÊÊ!!! Pronto, temos um mistério para mais algumas dezenas de capítulos. Quem matou Odete Roitman?

E quando os personagens precisam encontrar alguém, nunca tentam ligar no celular. E quando falam no telefone discam apenas três números. Nunca dá ocupado ou fora de área, e não se despedem do interlocutor. Sempre marcam “naquele restaurante” sem deixar claro o horário.

Outros clichês: Todos se conhecem, até o filho do irmão do motorista do mega-empresário é colega de escola da filha dele. O beijo tão esperado, quando finalmente vai acontecer... fica para o próximo capítulo. O marido canalha sempre diz “não é nada disso que você está pensando” quando a esposa o pega com a amante na cama. As mulheres acordam sempre bem maquiadas e penteadas. As empregadas domésticas são sempre negras. Ninguém trabalha direito e mesmo assim os pobres nunca são tão pobres quanto a gente. Nos diálogos ninguém gagueja, tosse ou espirra. Não tem personagem cego ou perneta. Ninguém usa camisinha, afinal um bebê sempre rende um teste de DNA, briga, etc . Não pegam busão, não vão a hospital público, nem pagam conta de luz... A menos que seja pra fazer propaganda do banco (marketing de apelação, diga-se de passagem). Quando as pessoas vão dormir apagam o abajur, mas o quarto continua bem iluminado. Nas cenas externas os figurantes transitam de um lado para o outro, sempre com roupas mais coloridas do que as que usamos no dia a dia. Aliás, esses parecem estar sempre passeando. Médicos sempre visitam pacientes em casa, mansões de gente fina claro, e olha que não tem nada a ver com o programa de atendimento domiciliar do SUS. Estou longe de ser rico, mas acho que isso não acontece na vida real.

Ok, ok. Último capítulo. É o momento em que tudo dá certo. São cinco casamentos, seis bebês nascendo e o casalzinho romântico partindo para longa viagem. O advogado lê o testamento após a morte do velho gagá e os vilões são presos ou terminam no manicômio. Tudo em menos de 1 hora.

Qualquer semelhança com o final de outra novela não é mera coincidência. É desrespeito com o seu público e falta de criatividade mesmo. FIM (aprendi com vocês!).

Autor: Lange Pinheiro
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